Durante o primeiro encontro do Comitê de Articulação Federativa (CAF) no Palácio
do Planalto na tarde desta quarta-feira, 29 de março, o presidente da
Confederação Nacional de Municípios (CNM), Paulo Ziulkoski, afirmou que ”nenhum
Município brasileiro consegue pagar o Piso Nacional do Magistério”. Ele garantiu
que os prefeitos precisam se inteirar sobre a lei, pois a questão vai muito além
de pagar o salário de R$1.450,00, é preciso pagar os aposentados e os
retroativos. “Queremos mostrar a gravidade do assunto, mais de 90% dos
Municípios gasta o Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica
(Fundeb) com o piso”, alerta.
O impacto do Piso Salarial do Magistério sobre os
orçamentos municipais foi um dos principais temas do encontro que reuniu
presidentes de entidades estaduais, prefeitos, e a ministra de Relações
Institucionais, Ideli Salvatti, entre outros representantes do governo. No
evento o presidente da CNM apresentou um estudo preocupante sobre a correção do
valor do pivô. “Se o atual critério de correção do piso continuar até 2013, ele
terá um acréscimo de 65%”, advertiu. Os Municípios estarão arruinados com essa
lei, e a grande maioria dos prefeitos será ficha suja daqui no prazo máximo de
três anos”. Na avaliação de Ziulkoski não existem dois caminhos: ou se cumpre a
Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e descumpre o piso, ou cumpre o piso e
descumpre a LRF.
O prefeito de Santa Teresa, Gilson Amaro, presidente da Associação de Municípios do Estado do Espírito Santo (Amunes) concordou com Ziulkoski e relatou que não vai conseguir contratar mais professores para o seu Município com o novo valor do piso.
Ziulkoski ainda chama a atenção sobre o problema da complementação que nunca
chega aos Municípios. “Desde 2010, 10% dos 10% da complementação federal ao
Fundeb são retirados para o piso e deveriam beneficiar 1.755 Municípios de nove
estados, mas esses recursos não chegam”. E preocupado acrescenta que em 2010
foram investidos R$ 31 bilhões na folha de pagamento comprometendo 72% do
Fundeb, apenas na remuneração dos professores. “Cerca de 800 Municípios
comprometeram 100% do Fundeb com pagamento do piso. Isso está liquidando a
educação no país”, avisa o presidente que mais uma vez pediu um posicionamento
do Ministério da Educação sobre o assunto.
Dinheiro retido
O contingenciamento dos Restos a Pagar e Seus
Reflexos para o Encerramento dos Mandatos dos Prefeitos também foi um dos
assuntos debatidos na tarde desta quarta. Em 2012, o governo transferiu R$ 167
bilhões em despesas pendentes de realização e houve um contingenciamento de R$
35 bilhões de emendas no orçamento geral da União, lembra. O presidente da CNM
reitera que “as emendas parlamentares são o maior problema desse país”.
Para tratar da questão dos restos a pagar, o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, respondeu a diversas perguntas dos prefeitos presentes. Ziulkoski finalizou chamando a atenção para a importância do Comitê que é uma conquista da Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios. “É o meio de comunicação com o governo”, conclui.
Fonte: Confederação Nacional dos Municípios
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