Olá futuros Auditores de Controle Externo!! Os estudos não podem parar, então mãos à obra! Hoje vamos resolver 2 questões da disciplina "Contabilidade Pública" do concurso de 2015 do Tribunal de Contas do Estado do Amazonas - TCE-AM.
Essas questões envolvem o conhecimento da Lei Federal nº 4.320/64 (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4320.htm) e das Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor Público (DCASP), que podem ser estudadas no MCASP (http://www.tesouro.fazenda.gov.br/-/mcasp), especificamente na Parte V.
As Instruções de Procedimentos Contábeis (IPC's) 4 a 8 (https://www.tesouro.fazenda.gov.br/pt/publicacoes-e-orientacoes) do Tesouro Nacional (STN) também são muito úteis.
E pra quem gosta de um bom livro, minha recomendação é a obra da Editora Gestão Pública disponível para aquisição no link: https://www.gestaopublica.com.br/livraria/entendendo-as-demonstracoes-contabeis-aplicadas-ao-setor-publico.html.
A lei orçamentária de determinado Estado da região Norte, para o exercício de 2014, estimou receitas e fixou despesas, nos seguintes valores:
Receitas Previstas Correntes ...................300.000,00
Capital ...................230.000,00
Despesas Fixadas Correntes ...................270.000,00
Capital .................. 260.000,00
Durante o exercício de 2014, o Estado realizou as seguintes transações referentes a:
− Empenho de despesas com serviços de manutenção das rodovias estaduais 50.000,00
− Recebimento de ICMS............................................... 210.000,00
− Empenho de Despesas com a Construção de Viadutos ................ 147.000,00
− Recebimento da Cota Parte do Fundo de Participação dos Estados − FPE 75.000,00
− Empenho da Despesa com Folha de Pagamento ....................... 115.000,00
− Recebimento de Aluguéis de Imóveis de Propriedade do Estado....... 27.000,00
− Empenho de Despesas com Serviços de Manutenção de Bens Imóveis ... 35.000,00
− Recebimento de Empréstimos por Antecipação da Receita Orçamentária ..10.000,00
− Recebimento de Empréstimos Obtidos de Longo Prazo ................ 95.000,00
− Empenho de Despesas com Aquisição de Veículos Novos ............. 108.000,00
− Uso de Material de Consumo ....................................... 20.000,00
− Recebimento de Imóvel doado por entidade de direito privado ..... 145.000,00
− Empenho de Despesas com Água, Luz e Telefone ..................... 20.000,00
− Depreciação de Bens .............................................. 40.000,00
− Recebimento de Rendimentos de Aplicações Financeiras ............. 18.000,00
− Empenho de Despesas com Juros e Encargos de Empréstimos Obtidos .. 20.000,00
− Recebimento de Multas de Juros de Mora ........................... 15.000,00
− Recebimento pela Alienação de Bens Imóveis ....................... 175.000,00
75. O Balanço Orçamentário, levantado em 31.12.2014, apresentou um superávit de, em reais,
(A) 100.000,00
(B) 245.000,00
(C) 130.000,00
(D) 60.000,00
(E) 120.000,00
RESPOSTA: o regime orçamentário é definido no art. 35 da Lei Federal nº 4.320/64: arrecadação para as receitas e empenho para as despesas. Assim, para efetuar o cálculo do superávit orçamentário, basta utilizar a fórmula "Receitas Arrecadadas - Despesas Empenhadas".
As seguintes receitas orçamentárias foram arrecadadas, segundo os dados fornecidos na questão (não importa a classificação em correntes ou de capital, no caso): recebimento de ICMS - 210.000; recebimento de Cota-Parte do FPE - 75.000; recebimento de aluguéis de imóveis - 27.000; recebimento de empréstimos obtidos a longo prazo - 95.000; recebimento de rendimentos de aplicação financeira - 18.000; recebimento de multas de juros de mora - 15.000; e recebimento pela alienação de bens imóveis - 175.000. Total: 615.000.
Um detalhe importante, é que o recebimento de empréstimos por antecipação de receita orçamentária, no valor de R$ 10.000, não deve compor a receita orçamentária, pois se trata de ingresso extraorçamentário, conforme definido no parágrafo único, art. 3º da Lei 4.320/64.
Outro aspecto a ser observado é que o recebimento de imóvel doado (145.000) não afeta o cálculo em questão, pois se trata de um fato exclusivamente patrimonial.
Já para cálculo das despesas, é necessário somar todos os empenhos efetuados: manutenção de rodovias (50.000); construção de viadutos (147.000); folha de pagamento (115.000); manutenção de bens imóveis (35.000); aquisição de veículos novos (108.000); água, luz e telefone (20.000); e juros e encargos de empréstimos obtidos (20.000). Total: 495.000.
Agora ficou fácil. O total das receitas arrecadadas (615.000) subtraído do montante das despesas empenhadas (495.000) é 120.000. O gabarito da questão 75, portanto, é a letra "E".
76. De acordo com Demonstrativo das Variações Patrimoniais, o resultado patrimonial apurado no exercício de 2014 foi de, em reais,
(A) 190.000,00
(B) 120.000,00
(C) 210.000,00
(D) 225.000,00
(E) 240.000,00
(A) 190.000,00
(B) 120.000,00
(C) 210.000,00
(D) 225.000,00
(E) 240.000,00
RESPOSTA: o resultado patrimonial evidenciado na DVP é obtido por meio do confronto entre as Variações Patrimoniais Aumentativas (VPA's) e as Variações Patrimoniais Diminutivas (VPD's) do período contábil examinado. Nesse caso, o que vale é o regime contábil da competência, e não o regime orçamentário de base modificada previsto no art. 35 da Lei Federal 4.320/64.
As VPA's elencadas na questão são: recebimento de ICMS (210.000), partindo-se da premissa que não houve o reconhecimento do crédito a receber anteriormente (receita efetiva); recebimento do FPE (75.000); recebimento de aluguéis (27.000), presumindo-se que o reconhecimento do direito e o respectivo recebimento ocorreram no mesmo período contábil; recebimento de imóvel doado (145.000); recebimento de rendimentos de aplicação financeira (18.000); e recebimento de multas e juros de mora (15.000). Total: 490.000.
Observe que os empréstimos de longo prazo recebidos (95.000) não entram na conta, pois representam fato permutativo (aumento de ativo e de passivo simultaneamente, haja vista a obrigação de pagamento do empréstimo). Similarmente, o recebimento pela alienação de bens (175.000) ocasiona a baixa de um ativo imobilizado e o acréscimo de outro ativo (Caixa e Equivalentes de Caixa), também não ocasionando o registro de uma VPA (apenas teríamos uma VPA se a venda fosse com ganho).
Quanto às VPD's, houve uma falha da Banca responsável pela elaboração da prova, pois alguns empenhos foram considerados no cálculo. Ressalva-se que o empenho, por si só, muitas vezes não produz impactos patrimoniais. O correto seria utilizar os termos "Em Liquidação" ou "Liquidação", demonstrando aos candidatos que as despesas efetivamente já ocorreram.
Relevando a falha da banca, temos que separar os empenhos que, caso liquidados (ou em liquidação), produziriam impactos patrimoniais diminutivos, além dos outros fatos exclusivamente patrimoniais: manutenção de rodovias (50.000); folha de pagamento (115.000); manutenção de bens imóveis (35.000); uso de material de consumo (20.000); água, luz e telefone (20.000); depreciação de bens móveis (40.000); e juros e encargos de empréstimos obtidos (20.000). Total: 300.000.
As operações referentes a construção de viadutos (147.000) e aquisição de veículos novos (108.000) não geram VPD, pois promovem patrimonialmente o reconhecimento de um passivo simultaneamente ao registro de um ativo, quando do processamento da liquidação (ou do estágio intermediário "Em Liquidação").
Fazendo a conta, temos VPA's no total de 490.000 menos VPD's de 300.000, totalizando 190.000. Nossa resposta é a letra A.
Ufa! Deu um trabalhinho, não foi? Espero que tenham gostado. Se ainda ficou alguma dúvida, comenta aqui no Blog ou manda um Direct pelo Instagram @professorjorgedecarvalho
É isso pessoal! Bom domingo de estudos a todos!!
Muito bom, professor! Confesso que me assustei quando não vi a minha resposta dentre as opções da segunda questão, pois eu só havia considerado como VPD o Uso de Material de Consumo e a Depreciação de Bens, já que os empenhos, por si só, não causam variação patrimonial. Mas depois li a sua explicação sobre a falha da banca e entendi a situação.
ResponderExcluirPois é, você não estava errado(a). Infelizmente em provas de concursos muitas vezes temos que ir além do raciocínio usual para alcançar aquilo que quem formulou a prova imaginou... Tarefa difícil. Não sei dizer se essa questão foi anulada, mas caberia sim um recurso nesse sentido. Grande abraço e obrigado por comentar.
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