segunda-feira, 27 de novembro de 2023

Visão integrada das contas públicas.

 Por: Conselheiro Inaldo da Paixão (TCE-BA) e Auditor Tiago Dutra (TCU)


O momento atual é de desafios e de oportunidades para que o Brasil equilibre as contas públicas. Porém o cuidado com o dinheiro público deve ocorrer sempre por milhões de servidores públicos, na União, nos Estados e municípios brasileiros, como em uma compra de supermercado, em que a economia com cada produto ajuda a chegar no caixa com dinheiro suficiente, dentro do orçamento.

Para garantir o financiamento sustentável das políticas públicas, precisamos de um sistema de finanças públicas que seja eficiente e transparente. O Brasil tem pontos fortes que podem ser consolidados nesse sentido. Um exemplo está na adoção das Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público (NBCASP) devidamente alinhadas às Normas Internacionais de Contabilidade do Setor Público (IPSAS, na sigla em inglês).

Uma outra relevante ação, é o novo modelo de prestação e certificação de contas instituído pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Esse novo modelo alinha o processo de contas às boas práticas internacionais em cada uma de suas etapas, desde a prestação de contas realizada pelo governo até a asseguração e o julgamento dessas contas pelos órgãos de controle.

O modelo exige uma prestação de contas integrada, com informações sobre custos e benefícios das políticas públicas sob a responsabilidade de cada ministério. A palavra-chave é integração. O orçamento público é classificado sob várias perspectivas, permitindo observar a despesa pública por meio dos prismas econômico, social e institucional. O desafio na etapa de prestação de contas é traduzir a complexidade da execução do orçamento e do funcionamento das estruturas administrativas e integrar os programas de governo a cada instituição. A prestação de contas sob a forma de Relato Integrado determina a comprovação para a sociedade do valor agregado, exigindo uma reflexão estratégica sobre a missão e as entregas de cada instituição governamental.

Atente-se, ademais, que nos termos da Resolução nº 14, de 9/12/2020, da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), “O Relato Integrado é um relato conciso sobre como a estratégia, a governança, o desempenho e as perspectivas da organização, no contexto de seu ambiente externo, levam à geração de valor a curto, médio e longo prazos”.

No Portal da Transparência do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), encontra-se disponível o Relato Integrado dessa autarquia, que apresenta, “de forma resumida, as atividades e os investimentos mais relevantes realizados […]”.

Porém, na divulgação desses relatos integrados, há o risco de os gestores mostrarem uma foto melhor do que a realidade. Para isso, existem os auditores externos nas estruturas de governança. Nós, auditores, temos o objetivo de assegurar ao cidadão, ao contribuinte, ao usuário de serviços públicos, que a verdade está sendo dita. Sabemos que não há verdade absoluta e que os padrões técnicos internacionais definem os níveis de tolerância a erro que são aceitáveis. O processo de certificação da prestação de contas tem sido construído com parâmetros profissionais, baseados em risco, buscando o fortalecimento dos controles internos do gestor e direcionando testes de auditoria externa para contas com maior risco de erro. Ao final, as opiniões de auditoria podem ser diretas: confie, não confie ou confie com ressalvas. Há também a hipótese, em face de graves distorções de controle, de a auditoria não ter condições de atestar a adequação das informações apresentadas e negar a sua opinião.

O Brasil adota as Normas Brasileiras de Auditoria do Setor Público (NBASP), recomendadas pelo Instituto Rui Barbosa (IRB), que são a tradução para o português dos padrões internacionais de auditoria emitidos pela Organização Internacional das Instituições Superiores de Controle (Intosai), atualmente presidida pelo TCU.

Além de finalmente o brasileiro poder exigir a prestação de contas de cada ministro de Estado, também pode contar com um certificado de que essas contas representam ou não a realidade financeira do ministério. Nesse novo modelo, também há uma certificação da conformidade da gestão orçamentária e patrimonial. É um atestado de capacidade da instituição para cuidar do orçamento e do patrimônio sob sua responsabilidade. Espera-se que, nos primeiros anos, essa avaliação mostre as fragilidades de instituições e informem à sociedade e aos poderes públicos o que pode ser melhorado. Esse diagnóstico pode ser a base de uma reforma administrativa que aumente a qualidade não só do gasto público, mas, principalmente, dos serviços públicos.

No final do mês de maio de 2023, o Tribunal de Contas do Município de São Paulo organizou o 1º Encontro Nacional de Auditoria Financeira dos Tribunais de Contas, o ENAF-TC. Esse evento, que contou com a participação de mais de 300 auditores de todos os 33 Tribunais de Contas, é um marco no processo de adoção de boas práticas internacionais de prestação e certificação de contas para todos os Tribunais de Contas do país. Contudo é fundamental que o sistema nacional de controle externo das contas públicas avance de forma integrada, prevenindo desperdícios em pagamentos indevidos e fomentando a transparência com a credibilidade oferecida pelo selo de qualidade.

Por fim, os gestores e os controladores das finanças públicas têm o desafio de fortalecer os pilares da governança fiscal que deem sustentação ao financiamento dos pisos para educação, saúde, investimentos e outras despesas obrigatórias e discricionárias. Esse desafio é também uma oportunidade para que o caminho da responsabilidade fiscal dependa mais da confiança da sociedade na qualidade do gasto público do que da desconfiança sobre a capacidade das instituições governamentais para entregar bens e serviços públicos com eficiência e transparência.

Fonte: ATRICON - Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil

terça-feira, 14 de novembro de 2023

CGU oferece curso à distância sobre processo de auditoria baseado em riscos.

Objetivo é explorar conceitos fundamentais, melhores práticas e estratégias eficazes para planejar e conduzir auditorias relevantes, de alto valor agregado


A Controladoria-Geral da União (CGU) oferece o curso "Processo de Auditoria Baseado em Riscos”. O objetivo é explorar os conceitos fundamentais, as melhores práticas e estratégias eficazes para planejar e conduzir auditorias relevantes, de alto valor agregado. As aulas serão ministradas por Sérgio Filgueiras e Vitor Alexandre Kessler, da Coordenação-Geral de Métodos, Capacitação e Qualidade (CGMEQ), vinculada à Secretaria Federal de Controle Interno (SFC).

O conteúdo irá abordar a compreensão das normas regulatórias relevantes, como o Referencial Técnico da Atividade de Auditoria Interna Governamental do Poder Executivo Federal, o Manual de Orientações Técnicas da Atividade de Auditoria Interna, além da “Orientação Prática: Serviços de Auditoria”. A estrutura internacional de práticas profissionais do Instituto dos Auditores Internos (IPPF/IIA) também é uma das bases do curso para o planejamento de auditorias baseado em riscos.

Nas aulas serão aprofundadas as fases de análise preliminar, definição de objetivos e de escopo e elaboração da matriz de planejamento, que são as etapas do processo de planejamento de uma auditoria. Também serão estudados a execução dos trabalhos, a comunicação dos resultados e o processo de monitoramento de recomendações.

O curso, com carga de 20 horas, fornecerá as ferramentas e o conhecimento necessários para se destacar na área de auditoria interna, capacitando o participante a realizar trabalhos significativos, que de fato contribuam para a melhoria dos processos organizacionais e apoiem as unidades auditadas no alcance de seus objetivos institucionais.

Os interessados deverão fazer a inscrição no Ambiente de EAD da CGU, onde será necessário o prévio cadastramento, por meio do endereço https://ead.cgu.gov.br/course/view.php?id=1154. Em seguida, basta preencher os campos solicitados (login e senha) e clicar em “Acessar”.

A emissão do certificado de conclusão fica condicionada ao atingimento da pontuação mínima exigida para a atividade avaliativa (60%).

Fonte: CGU - Controladoria-Geral da União

sexta-feira, 10 de novembro de 2023

Vem aí o IX Seminário Brasileiro de Contabilidade e Custos Aplicados ao Setor Público: contabilidade e sustentabilidade em foco.


A Secretaria do Tesouro Nacional (STN) e o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) realizarão, nos dias 21 e 22 de novembro, o IX Seminário Brasileiro de Contabilidade e Custos Aplicados ao Setor Público. O evento acontecerá de forma presencial, no Instituto Serzedello Corrêa (ISC) - em Brasília, e é uma excelente oportunidade para que profissionais e especialistas da área possam aprofundar seus conhecimentos e trocar experiências no campo da contabilidade pública. A edição deste ano recebe o tema de "Relatório de Sustentabilidade e o Desenvolvimento da Contabilidade Aplicada ao Setor Público".

Os relatórios de sustentabilidade são ferramentas essenciais na avaliação e comunicação de desempenho de uma organização em relação às questões ambientais, sociais, e de governança. (ESG, na sigla em inglês). E a contabilidade exerce papel fundamental na coleta, análise e apresentação dos dados relacionados à sustentabilidade. Essas informações são relevantes para a tomada de decisões e prestação de contas no âmbito do governo, além de ser uma responsabilidade do setor público para a execução de políticas públicas eficientes.

👉Para participar deste evento é necessário realizar inscrição prévia. Clique aqui e saiba mais.

Fonte: CFC - Conselho Federal de Contabilidade

quinta-feira, 9 de novembro de 2023

Tesouro Nacional realiza consulta pública sobre a atualização do PIPCP.


A Secretaria do Tesouro Nacional (STN) abriu consulta pública sobre a minuta da atualização do Plano de Implantação dos Procedimentos Patrimoniais – PIPCP, anexo à Portaria STN nº 548, de 2015.

O PIPCP regulamenta o art. 13 da Portaria STN nº 634, de 19 de novembro de 2013 e estabelece os prazos-limite obrigatórios relativos à implantação dos Procedimentos Contábeis Patrimoniais na União, nos estados, no Distrito Federal e nos municípios brasileiros em continuidade ao processo de convergência da contabilidade aplicada ao setor público aos padrões internacionais, conforme disposto na Portaria MF nº 184, de 25 de agosto de 2008.

O documento lista os procedimentos patrimoniais a serem necessariamente observados para a consolidação das contas públicas nacionais sob a mesma base conceitual. Nele são também apresentadas considerações acerca da descrição do procedimento, as fontes normativas e os passos necessários para a respectiva implantação de maneira simplificada.

Os novos procedimentos (bem como eventuais atualizações de procedimentos já vigentes) ou normas constantes da atualização do PIPCP são:

- Reconhecimento, mensuração e evidenciação dos benefícios sociais;

- Reconhecimento, mensuração e evidenciação dos instrumentos financeiros;

- Reconhecimento, mensuração e evidenciação Arrendamentos;

- Reconhecimento, mensuração e evidenciação Ativos Não Circulantes Mantidos para Venda e Operações Descontinuadas;

- NBCT SP 07 (R1) - Ativo Imobilizado Propriedade, Planta e Equipamento;

- NBCT SP Estrutura Conceitual (R1);

- Reconhecimento, mensuração e evidenciação Receita;

- Despesas de Transferência.

O formulário referente a consulta pública deverá ser enviado para o e-mail: genoc@tesouro.gov.br com o assunto: CONSULTA PÚBLICA – PIPCP até dia 22/11/2023.


quarta-feira, 1 de novembro de 2023

Aberto prazo no SUASweb para Municípios prestarem contas do uso de verbas federais em 2022.


Está aberto o prazo para que os gestores públicos preencham o Demonstrativo Sintético da Execução Físico-Financeira (DSEFF), instrumento para apresentação e validação da prestação de contas dos recursos do cofinanciamento federal da área de Assistência Social referente ao exercício de 2022. A informação foi divulgada na Portaria 67/2023, do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, publicada na segunda-feira, 30 de outubro, no Diário Oficial da União (DOU).

De acordo com o documento, os gestores têm 60 dias para preenchimento do DSEFF no sistema SUASweb. Depois disso, os Conselhos de Assistência Social de cada Ente devem deliberar em até 30 dias. O prazo começa a ser contado a partir da publicação da Portaria de abertura. A Confederação Nacional de Municípios (CNM) informa, portanto, que ficam estabelecidos os seguintes prazos:

- 29 de dezembro de 2023: prazo para o gestor municipal preencher o DSEFF no SUASweb

- 29 de janeiro de 2024: prazo de deliberação do Conselhos Municipais de Assistência Social

No preenchimento do relatório, os gestores devem estar atentos ao que prevê a Portaria 124/2017. O documento regulamenta os procedimentos referentes à guarda e ao arquivamento dos processos e documentos comprobatórios das despesas realizadas com recursos federais transferidos na modalidade fundo a fundo, destinados ao cofinanciamento dos serviços, programas e projetos socioassistenciais, e das transferências voluntárias de recursos oriundos de emenda parlamentar ou de programação orçamentária própria no âmbito do Suas

A CNM ressalta que a prestação de contas é obrigatória e está prevista na Constituição Federal. A não apresentação das informações implicará na suspensão do repasse dos recursos do Índice de Gestão Descentralizada-Sistema Único de Assistência Social (IGD-Suas) e do IGD-Programa Bolsa Família (IGD-PBF) e será considerada como omissão no dever de prestar contas, passível de instauração de tomada de contas especial.

Mudança no Plano de Ação

A Portaria 67/2023 determina ainda que, excepcionalmente para o exercício de 2023, o Plano de Ação 2023 não será disponibilizado para preenchimento aos Estados, aos Municípios e ao Distrito Federal nem para deliberação pelo respectivo Conselho de Assistência Social dos Entes. Isso ocorre diante da perspectiva de reorganização dos sistemas operacionais do Sistema Único de Assistência Social (Suas). Por isso, as informações contidas no Plano de Ação de 2022 ficam validadas para o exercício de 2023 como Plano de Ação vigente.